segunda-feira, 23 de junho de 2014

Observando guerreiros

Durante uma vida de guerras, aprende-se muito.
De traçar planos, cavar trincheiras, enterrar companheiros, abater sonhos, achar furos nas armaduras, nas blindagens, encontrar água e alimento em qualquer lugar...

Mas, a beleza, a poesia, dá-se ao aprender a olhar nos olhos dos outros guerreiros, e ler, cada um, cada guerreiro e cada olho. Conseguir acessar a alma.

A graça de observar uma pessoa entrando numa batalha com toda a fúria dos mundos, e ir esmorecendo, cansando, morrendo por dentro e não conseguindo sair da gerra, hora pra se manter vivo, hora por puro orgulho.
Por não saber levantar a bandeira branca...

Você olha, no olho e transmite o bem, mesmo depois de tanto mal, e vê, que por trás da cara de mal, da armadura gigante, das espadas que de tão grandes e afiadas, mal podem ser manuseadas e causam mais ferimentos naquele que as levanta que nos que deveriam ser atingidos pelas estocadas...
E consegue ver, que além... Muito além de tudo isto o pobre coração diz "Eu não sei como colocar estas armas de volta na bainha... Eu estou me matando por medo.."
Os olhos dizem "Eu não consigo mais sustentar esta mascara de monstro"
Você vê cansaço, vê infelicidade, vê medo...
Você sorri de compaixão, abaixa o escudo, tira a armadura, deixa sua espada no chão, e apenas observa, a meia distancia, a dança louca do ser e a espada.
Até que ele se canse, caia exausto e perceba que a guerra acabou a muito tempo.
E que, não houve vencedor.

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