sábado, 23 de maio de 2015

Religião X Espiritualidade (Um suspiro da minha alma)





 A palavra Religião vem de Religar, no sentido de Religar o Homem ao Divino.
Penso que esta palavra perdeu muito do sentido original.
O que antes servia para religar o humano ao divino, tornou-se uma ciência, uma profissão, um nicho de mercado, uma muleta psicológica.
A Religião, raiz da Religiosidade nos faz atores de uma peça sem autor, sem texto, sem palco... Apenas encenando uma tragicomédia sem sentido. Na repetição nossa de cada domingo. Com acesso aos pontos de contato (sacerdotes, amuletos, canções e outros ritos) mas, sem contato - Religação - com o Divino.
O mecanismo básico da religião é “Uma relação com o divino que envolve obrigações e favores. Ou seja, aquele que cumpre sua obrigação com relação a determinado Ente Superior, recebe dele benefícios, o contrario também se aplica àquele que não cumpre suas obrigações.
A possibilidade de colocar-se como mediador entre o individuo e o Ser Supremo, torna-se um negócio altamente rentável.
Aqueles que a exploram, o fazem normalmente com base em três pontos,a) O Medo De desagradar o Divino e por isto receber algum tipo de punição, b)A Culpa por se saber errado e não merecedor dos favores divinos, pelo contrario, de seu desfavor, c)A Ganância, possibilidade de receber favores divinos.

Para citar aquilo que pretendemos dizer com Religião, prefiro o termo, Espiritualidade, mas este termo pode chocar alguns, talvez pelo efeito maléfico da religião no imaginário popular com relação àquele que se relaciona diretamente com o Sagrado, por vezes contrariando as convenções.
A Espiritualidade, (independente da religião - Credo, Denominação, Rito...) que pode ser desenvolvida em casa, no secreto, entre os familiares, ou nos grupos, templos – O que sabemos ser a origem da maioria das grandes religiões...
 Mas, com o foco no Eu Superior, na religação Divino - Homem (Sempre partindo do Divino, pois um homem, por si não tem capacidade nem possibilidade de acessar um Ente Divino que não deseje se revelar) e na relação Homem - Humanidade (Com cada ser humano e com todos eles. Pois, segundo a tradição judaica, a forma que se pensa ou interage com cada ser humano é a forma de se pensar e agir com todo, e vice-versa).
Esta Espiritualidade vislumbro de duas formas: Elementar ou Real.
A Elementar, assemelha-se a Religiosidade.
Prende-se a ritos, credos, dogmas, mas ao contrário da religiosidade, busca no conteúdo,no Divino, não na forma, no ritual apenas.
Embora, esta busca seja pelo que o divino pode proporcionar, não pelo que ele é.
 Já a Espiritualidade  Real, deve buscar interação, religação, relacionamento com o Divino, pelo que Ele é. E, aquele que a pratica, deve buscar viver para cumprir seu papel no plano divino para a humanidade.
Sempre com o cuidado de não se valer das leis divinas para proveito próprio, quer seja realizando rituais ou feitiços (o que vai desde colocar um despacho numa esquina, sacrifícios de animais, penitencias, até uma simples oração) e para não usar dos conhecimentos sobre as fragilidades humanas e da habilidade de produzir, através do sobrenatural , prodígios que se manifestam no mundo real, ludibriando, explorando ou viciando outras pessoas.
 Com relação ao líder religioso, a intenção com que exercerá sua liderança deixará claro se trata-se de um alguém Religioso, Espiritual Elementar ou Real.

A definição de uma pessoa em um destes tipos (Religioso, Espiritual ou Elementar e Real) só pode ser feita por ela mesma, á partir da observação de suas motivações, visto que as práticas dentro de cada grupo religioso serão sempre as mesmas para todos os tipos.
E somente aquele que se auto-observa pode responder, no seu interior com qual tipo mais se identifica.
 Porém, se ler este tipo de definição e tentar enquadrar qualquer outra pessoa em um destes tipos, pode ser um indicio gritante de que o leitor se trata de um Religioso.
O que por si só, não é mal, pois, a religião dá uma grande contribuição para cada pessoa se tornar melhor o que se reflete na humanidade. Alem de ser a porta de entrada para a Espiritualidade.

Escrito com calafrios,
pela possibilidade de ser um Religioso e de tentar hipocritamente parecer um Espiritual Real.

O silêncio é o maior dos martírios; nunca os santos se calaram - Blaise Pascal

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