Fundamentos da Religião Cristã
O cristianismo, atualmente conta com mais de dois
bilhões de adeptos em todo o mundo o que a torna a religião mais numerosa.
Como qualquer outra religião, tem seus
conjuntos de regras, ritos, filosofia e credos – que trataremos a seguir. Seu livro
sagrado é a Bíblia um compêndio com 66 livros, escritos ao longo de 1500 anos
por aproximadamente 40 autores, que não se conheceram, em sua maioria, mas
seguem um tema central. As cidades sagradas são Jerusalém – Israel, pois ali viveu
seu líder e fundador e Vaticano – Roma, como centro político-religioso do
catolicismo romano, uma expoente vertente do cristianismo.
A origem desta religião é o Judaísmo,
nascido no deserto do oriente médio no século XVIII A.C. a partir da teofania e
epifania de Abraão.
Assim como o judaísmo, o cristianismo é
uma religião monoteísta, ou seja, adora a um único Deus. Não a vários, como as
politeístas. E esta é a diferença primaria entre as religiões. Ambas são religiões messiânicas, ou seja,
aguardam um enviado divino para a libertação do povo oprimido, tanto política
quanto espiritualmente. E esta é também uma das principais diferenças entre
elas.
Enquanto o judaísmo ainda espera a vinda deste messias, para o cristianismo,
ele já veio, cumpriu sua missão ao morrer em uma cruz – e ressuscitar, segundo
creem – aproximadamente dois mil anos atrás.
Sua obra é o ponto central da fé cristã,
que acredita que Jesus de Nazaré, filho de um carpinteiro de e de uma Jovem
chamada Maria, foi concebido sem conjunção carnal, mas, num ato sobrenatural
prenunciado por um anjo. A concepção ocorreu sob ação do Espírito Santo – Uma
das pessoas que compõem a unidade-trina do Deus cristão, juntamente com Jeová e
o próprio Jesus, que ao ser concebido, torna-se a encarnação de Deus, o filho
de Deus, O Verbo Encarnado, segundo São João. Sua vida imaculada, morte e ressurreição
– uma vez que o inferno e a morte não poderiam dete-lo, visto sua santidade e ausência
de pecados – geram-lhe um crédito de justiça, que é compartilhado com toda a
humanidade, remindo os pecados e livrando da condenação eterna mediante a
aceitação do seu sacrifício vicário, e do seu senhorio.
Por este feito, Jesus de Nazaré é
considerado o Messias ou o Cristo em grego e é chamado de Jesus Cristo, de onde
vem as palavras cristão e cristianismo.
O Termo Cristãos, “pequenos Cristos” foi
usado pela primeira vez na Antioquia logo no inicio da era cristã, e referia-se
aqueles que eram considerados seguidores ou imitadores de Cristo, ou seja, os
discípulos, apóstolos e demais crentes que formavam os primeiros grupos de
fiéis, a igreja primitiva.
A igreja teve origem em Israel e se espalhou pelo mundo através de perseguições
e mortes, e ao longo destes mais de dois mil anos, tem se fortalecido e se
diversificado. Segundo Tertuliano, “O sangue dos mártires é a semente do
cristianismo”.
Igreja é um termo que no cristianismo
designa o grupo dos fiéis espalhados pelo mundo, ou um pequeno grupo com
convicções e locais de culto semelhantes, neste caso, chama-se, também, de denominação.
Numa breve pesquisa pela internet encontramos mais de 30 mil denominações
cristãs no mundo.
Mas, em que creem os cristãos?
Na atualidade, com tantas denominações e formas diferentes de se pensar, fica
difícil fazer um compendio com todos os pilares da multiforme igreja pelo
mundo.
Porem, podemos nos valer da base primordial, do DNA do pensamento teológico
cristão, que foi segundo a tradição, expressado pelos próprios apóstolos, ou
seja, aqueles que estiveram com Jesus Cristo, participaram da sua jornada pela
terra, alguns destes testemunharam os dias que ele passou entre os vivos, após
sua ressurreição, foram agentes de milagres através da força divina e também
difusores da fé cristã pelo mundo antigo. Outra possível origem destas
afirmações são pequenos credos batismais usados pelos cristãos antigos, que
serviam tanto para instruir-lhes quanto para refutar falsas doutrinas, mais especificamente
o gnosticismo.
Este texto é chamado de Credo Apostólico.
“Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da
terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem
Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e
sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à
direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os
mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja
católica; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do
corpo; na vida eterna.
Amém.”
E é sem duvida o
resumo de toda a fé cristã, contendo desde a supremacia de Deus, origem do
universo, deidade e humanidade de Cristo, crença no Espírito Santo; também por
temas como a criação, salvação e santificação do homem e demais pormenores que
trataremos a seguir:
“Creio...”, a bíblia nos diz que “A
salvação vem pela graça, mediante a fé...” Ou seja, o posicionamento de fé, ou
crer, é o núcleo base para a aceitação e eficácia do cristianismo e agente de ativação
de poderes extra-humanos, provenientes do favor divino, tanto na salvação da
alma, quanto no mundo físico. Também, uma forma de interagir com Deus, tanto
para se aproximar, quanto para agrada-lo.
“Em Deus Pai Todo Poderoso" A Onipotência
é uma das características do Deus dos cristãos. Segundo escrito em Jó 42:2: "Bem sei eu
que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido."
“Criador do Céu e da terra” esta
afirmação, remete a crença na passagem de Genesis 1:1 “No princípio criou Deus
o céu e a terra.”, onde é declarado tanto o poder de Deus para criar, a partir
do nada; o que se constata no uso do verbo hebraico “bara”, ou seja, criar a
partir do nada; quanto sua preexistência, antes da matéria, do universo ou de
qualquer outro deus, sendo ele o único e verdadeiro Deus. É também uma
declaração implícita de que toda a bíblia é verdadeira e divinamente inspirada.
“E em Jesus Cristo, Seu único filho” A partir deste ponto o credo passa a
abordar temas polêmicos para a cosmovisão da época. Se hoje, seu uso é tanto
didático, ao repassar a crença e detalhes básicos, quanto religioso ao ser
usado como uma oração ou reza, no tempo de sua criação e difusão inicial, era
uma ferramenta de afirmação das verdades em que criam e de refutação das crenças
e pequenas heresias que rondavam a religião.
Nesta frase, vemos a afirmação que Jesus é o Cristo, ou seja, o esperado
Messias, o enviado dos céus, que os Judeus esperavam, e também que ele é o
Filho de Deus, um dos títulos que teria este Messias. Porem, esta afirmação,
não é apenas um titulo, mas uma certeza de que Jesus é o filho unigênito de
Deus.·.
“Nosso Senhor” Esta declaração de senhorio serve tanto para
se reconhecer como servo ou escravo de Jesus, cumprindo seus desígnios, ou
seja, obedecendo a lei de Deus, que se resume em “Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a ti mesmo” quanto para dizer que ele é o único
senhor, tirando dos lideres políticos e religiosos, vícios, pecados ou qualquer
coisa que o valha, o poder sobre o fiel.
“que foi concebido pelo poder do Espírito Santo” Esta passagem, denota a crença
que Jesus não teve uma concepção conjugal e que era mesmo o Filho de Deus.
“Nasceu da Virgem Maria” O Nascimento
virginal do Messias é um ponto profético importante par ao Judaísmo, donde vem esta
crença, adotada pelo cristianismo. As afirmações de que Jesus foi “concebido
pelo Espírito Santo” e nasceu de uma “Virgem”, demonstram que ele tem tanto
origem humana quanto divina. O que
refuta a teoria de que ele seria um líder político ou filosófico, ou um profeta,
simplesmente humano, e de que ele era um super humano, não possuindo corpo,
como um holograma ou um espírito que vagueava pela terra.
“Padeceu sob Pôncio Pilatos” A Perseguição e martírio de
Jesus são pontos da profecia acerca do Messias, tanto o valor pelo qual seria
vendido quanto a sua forma de morte e detalhes sobre seus últimos momentos
estão descritos ao longo do Antigo Testamento.
“Foi crucificado, morto e sepultado” sua morte, os pés e mãos transpassados, o
madeiro, sepultamento entre outros também são pontos fundamentais destas
profecias.
“desceu à mansão dos mortos” esta
afirmação reforça a anterior, de que Jesus foi “Morto” e que esteve no “Sheol”
termo antigo para “lugar dos mortos”, pois somente deste lugar poderia,
realmente ressuscitar; de lá, também, venceu a morte e o inferno e trouxe a
chave do reino dos mortos.
“Ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos
céus” segundo a tradição judaica, uma ressurreição só era válida e sobrenatural
se fosse após o terceiro dia, antes disto, era considerado como uma catalepsia,
ou seja, um distúrbio em que a pessoa parece morta. Outro ponto importante é
que segundo a bíblia “o salário do pecado é a morte”, logo, não havendo pecado
em Jesus, Ele não pode permanecer morto. Uma vez ressurreto, passou cerca de 40
dias na Terra, instruindo e animando seus seguidores, até ser arrebatado na presença
de cerca de 500 pessoas.
“está sentado à direita de Deus Pai todo
poderoso” a posição de realeza de Jesus é reconhecida aqui, também, sua
autoridade. Esta visão de Jesus a direita de Deus pai foi citada por Estevão,
quando foi apedrejado pelos perseguidores da igreja primitiva.
“de onde há de vir a julgar os vivos e
os mortos” o juízo final é ponto crucial da doutrina cristã. Segundo este
pensamento, todas as pessoas, desde a criação da humanidade, serão julgadas,
pelos seus atos, com a variável, da aceitação de Jesus como seu Senhor e
Salvador, o que remiria seus pecados.
“Creio no Espírito Santo” a crença no Espírito
Santo é um dos prontos fundamentais pensamento cristão, que o vê como terceira
pessoa da trindade divina, portador da força motora e mantenedora do universo, responsável
pela comunicação de conhecimento e poder para todos os cristãos e para o
próprio Jesus Cristo, enquanto encarnado, realizarem os milagres e manterem-se
afastados do pecado.
“na Santa Igreja Católica” esta talvez seja a frase mais sombria deste credo,
pois, o tempo e as culturas, mudam, tanto as religiões, quanto o sentido das
palavras.
Hoje no Brasil, esta afirmação tem a conotação de que se crê na Igreja Católica
apostólica romana, e que se afirma a santidade desta igreja. Porem, em seu
sentido original esta frase quer dizer algo como “Creio em um povo separado do
mundo, mas que ainda vive nele, com a função de servir a Deus, este grupo é
Universal.”
“na comunhão dos Santos” Esta igreja
Universal (católica – no grego) forma um corpo místico, juntando todos os seus
membros vivos e mortos, por esta razão, também se refere a esta igreja como “corpo
de Cristo”.
“Na remissão dos pecados” A morte de Jesus não foi acidental ou política, mas
fazia parte de um plano vicário para salvar todos os homens, de acordo com sua
aceitação deste favor imerecido, a Graça Salvadora de Deus. Esta morte gerou um
crédito de justiça tamanho, que pode redimir qualquer pecado passado, e dar força
para que o pecador se mantenha afastados dos pecados futuros.
“na ressurreição da carne” haverá um dia
em que todos os seres humanos serão julgados por suas obras, para isto, todos
serão ressuscitados.
“na vida eterna” Os que foram piedosos, terão
seu lugar no céu, com Deus, os que foram ímpios serão condenados a um lago que
arde com fogo e enxofre, com Satanás e seus demônios. Ambos, para a eternidade.
“Amém”
O Cristianismo prático
Nos anos 80 os cristãos eram chamados de “bíblia”, pois estavam sempre com este
livro sob o braço, á caminho de suas reuniões. Por isto eram distinguidos.
Hoje, com o advento das bíblias no celular, está mais difícil de distingui-los.
Para isto temos que caminhar com eles e observar suas palavras e principalmente
atos.
Para ser parte da igreja visível, talvez, frequentar um culto semanalmente ou
se afiliar a uma entidade cristão baste; mas, para se tornar um verdadeiro
imitador de Cristo, é outra historia.
É isto que tenho buscado nestes três anos de conversão ao cristianismo. Lendo a
palavra e a utilizando como um espelho e um norte para meus atos e pensamentos,
sendo acompanhado regularmente por uma liderança sadia e comprometida, participando
de grupos de crescimento e principalmente, aplicando o que tenho aprendido em
todas estas experiências.
Quero ser chamado de Cristão, como foram os da Antioquia, como imitador de
Jesus, não como hoje são chamados os “Evangélicos”, que estão tornando-se
crentes nominais, não praticantes.
Esta prática é a sujeição à vontade de Deus, tanto a geral, que está na bíblia,
quanto a especifica, para a minha vida, obedecendo à voz do Espírito Santo,
soprada através da palavra. O poder para isto vem do reconhecimento de minha
falibilidade e dependência total da misericórdia do Supremo.
Evitar o mal, resistir ao Diabo, e sujeição a Deus são os pontos cruciais. Pois,
sem estas, as questões morais e filosóficas do cristianismo não tem efeito e
valor eterno.
Porém, como estas questões moldaram o conceito moral do ocidente, em minha vida
quotidiana também fizeram uma grande revolução, uma vez que me sujeitei aos
mandamentos divinos e tive toda a minha vida transformada, desde deixar vícios
a mudar relacionamentos e forma de pensar.
Hoje, me tornei melhor filho, pai, cidadão e tenho a certeza da Vida Eterna, o
que é o melhor.
Poderíamos passar anos e anos dissertando sobre os mandamentos divinos, suas
promessas e sanções e a aplicação diária, os judeus separaram em 613
mandamentos básicos, mas existem detalhes, em cada um.
Mas, segundo Paulo, ““... toda a Lei se resume num só mandamento, a saber:
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”
Este é o Alvo, manifestar o amor, pois, desta forma, estamos tanto conhecendo a
Deus quanto o fazendo conhecido, o que são as funções dos cristãos, pois “Aquele
que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor” segundo
São João.